A minha experiência de voluntariado na Web Summit

Voluntariado na Web Summit: trabalho de escravo? É esta a questão que se coloca não só aos 500 voluntários da edição de 2017 da Web Summit, como também ao resto de todos os cidadãos, que insistem saber mais sobre o assunto que os próprios jovens (e não só) que colaboraram no evento.

Candidatei-me para fazer parte da equipa de voluntariado em dezembro do ano passado. Confesso que, na altura, não sabia bem no que me estava a meter, estava apenas a fazê-lo por achar que “Voluntária na Web Summit 2017” ficaria bem no meu currículo. Fui selecionada e tive de preencher as minhas preferências relativas a horário e a equipas (podíamos escolher horário da manhã, tarde ou noite, e podíamos também selecionar de entre uma variedade de equipas, entre elas Stages Team, Response Team, Startups Team, etc.). Os turnos e as equipas foram distribuídos em setembro, sendo-nos possível trocar caso não pudéssemos comparecer. Não tínhamos de fazer turnos todos os dias do evento, era-nos apenas pedido para cumprirmos um total de 15 horas.

A organização dizia que cada voluntário apenas tinha direito a almoço, uma t-shirt e acesso livre ao evento (tendo em conta que os bilhetes para a Web Summit custam mais de 1500€, pareceu-me um bom negócio), mas a verdade é que, depois dos meus turnos acabados, posso dizer que ganhei muito mais.

Saio de lá com algo mais do que um tópico no meu currículo. Percebi como é que um evento desta dimensão se constrói, como funciona por dentro, toda a desorganização que passa despercebida a quem vai simplesmente como espectador. Uma desorganização que nos toca especialmente a nós, voluntários, por passarmos horas sem saber o que fazer, mas que, ao fim do dia, nos deixa satisfeitos por pensar que grande parte do trabalho feito naquele evento é realizado por nós, não sendo possível correr tão bem sem a nossa contribuição.

Se é verdade que a Web Summit gera lucro suficiente para pagar aos voluntários? É. No entanto, será assim tão incompreensível que esta equipa só seja “paga” em comida e acesso gratuito? Eu, como voluntária, não me chateio. Fiz amizades, aprendi o custo de trabalhar em equipa, desenvolvi o meu inglês, conheci culturas diferentes, conversei com oradores, conheci startups, recebi brindes, assisti a conferências, assisti a ensaios, tudo isto tendo apenas de cumprir 15 horas de trabalho, em que tinha como função ajudar os convidados a encontrar lugares para sentar.

No final, cabe-nos a nós, voluntários, saber se estamos a ser escravizados ou não. Cabe-nos a nós dar o nosso parecer em relação a todo o backstage a que a maioria não tem acesso. Porque, digam o que disserem, a opinião final terá de ser sempre nossa.

Este artigo de opinião é da pura responsabilidade do autor, não representando as posições do desacordo ou dos seus afiliados. 

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Escrito por: Daniela Carvalho

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