Na passada sexta-feira, dia 27 de outubro, o Jornal desacordo dirigiu-se ao Teatro do Bairro, em Lisboa, para assistir ao concerto de apresentação do primeiro álbum de Antony Left. Não foi a primeira vez que o Jornal desacordo esteve em contacto com o músico, uma vez que já o entrevistámos na rubrica Dois Dedos de Música (disponível aqui).
Para percebermos o que mudou desde essa entrevista até agora, uma das questões feitas ao músico foi essa mesmo, tendo ele dito logo, em tom de brincadeira, “Isso já foi em mil novecentos e…?”. Depois de algum diálogo, chegámos à conclusão que tinha sido em meados de março. Respondeu, então, que para além de ter terminado o álbum, decidiu também algumas ideias em relação ao projeto e, mais importante, foi acrescentado um baixo ao já grande número de instrumentos que compõem a banda.
O álbum de estreia de Antony Left é chamado Influence. “Este álbum Influence é importante porque junta várias musicas que me acompanham já há um ano e meio, dois anos, portanto, não são só musicas de agora. É um capítulo, basicamente, e o tema vem precisamente disso. É como se fosse o primeiro capítulo da minha música, junta as minhas influências, e também fala sobre a influência que a vida tem em mim e que se transmite na minha música”
Curiosamente, a música mais recente é precisamente a Influence, faixa que dá o nome ao álbum. É, por esse motivo, a música por quem António Graça tem um carinho especial, também por fechar este capítulo.
Em relação aos fãs, diz estarem a reagir bem, está a obter “bom feedback”. No entanto, é ainda cedo para saber no total, tendo em conta que a maior parte deles ainda está a digerir. “Não acredito na ideia de ouvir um álbum num dia, acho que o pessoal também precisa de tempo para ouvir e achar o que acha”.
Antes deste concerto em Lisboa, deu ainda um no Porto, na Casa da Música, dia 25. Encheu a Casa da Música, algo que não estava à espera que acontecesse, e afirma ter existido um “calorzinho agradável”, podendo considerar, assim, o pessoal do Porto “fixe”.
Por último, uma questão difícil, mas pertinente, que fez Antony Left responder de imediato “Não sei”, mesmo antes de ouvir a questão. Estava (felizmente) a brincar, o que se comprova na boa resposta que nos conseguiu dar. Perguntámos então como é que se sentia por não só lançar o álbum em formato físico, com também lançar em formato digital (no Spotify), e se achava que isso prejudicava de alguma maneira a que as pessoas realmente pagassem para adquirir o seu trabalho: “Não me faz confusão, eu próprio sou adepto do Spotify, uso o serviço e acho fixe a música estar disponível daquela forma. E eu acabo por receber dinheiro. Aquilo (Spotify) paga, mal, mas paga, até tenho uns fundos até agradáveis vindos daí. Mas o formato físico é o formato físico, é uma coisa que se pode tocar, e continuo a achar que não é fixe perder esta cultura física, até o vinil está a voltar e tudo, por exemplo, eu acho isso fixe.”
Quanto ao concerto, foi o mais intimista possível. A banda põe-nos à vontade para nos expressarmos, para dançarmos, cantarmos e intervirmos quando acharmos pertinente, até porque a própria banda nos vai dando espaço para isso.
A sala estava cheia de fãs, preparados para finalmente ouvir o tão esperado Influence, desta vez ao vivo. Mostravam-se entusiasmados em todas as músicas, mas este entusiasmo culminou com a música Backfire, que se distingue das restantes pelo distinto ritmo e animação. Os presentes gostaram tanto da música que, no final do concerto, Antony Left a voltou a repetir, desta vez, com o combinado de que todos dançavam, à sua maneira.
Para além das músicas do álbum, houve ainda espaço para singles como Ocean e Young Souls, que remeteram os espectadores a um passado anterior a Influence.
Sem dúvida um concerto agradável, que vai sempre ter um lugar especial no coração dos presentes, que se renderam aos encantos de Antony Left.
Escrito por: Daniela Carvalho e Filipe Lima