The Desacordo Sessions – Será L.A. mesmo Divine?

Mais de uma década depois do seu álbum de estreia, Cold War Kids continuam o seu trabalho na indústria musical. A banda americana de indie rock formou-se em 2004, no entanto, foi em 2006 que o seu projeto começou a dar frutos, presenteando-nos com o álbum Robbers & Cowards. Desde então, já lançaram vários álbuns e EP’s, sendo L.A. Divine o sexto álbum da banda, que surgiu após três anos de espera desde Hold My Home (2014).

Ao longo dos anos, a banda foi alterando, progressivamente, o seu estilo musical, deixando cada vez mais a vertente rock de lado e começando a tornar-se cada vez mais pop, talvez devido ao facto de metade dos membros da banda terem saído e sido substituídos por outros. Para além disso, em 2014, a banda lançou o single First, que obteve um enorme sucesso, chegando mesmo a atingir o 1º lugar na tabela alternativa da Billboard. O lançamento do single marcou, assim, a viragem da banda, sendo tal refletido em L.A. Divine, o álbum novo que tenta demonstrar a versatilidade de Cold War Kids.

Love Is Mystical é a faixa que mais se assemelha com First, mesmo sabendo que, neste novo álbum, o objetivo é atingir a audiência do mesmo modo que First, em 2014, conseguiu, e, por isso, os 43 minutos que compõem o álbum têm sonoridade bastante semelhante ao famoso single anteriormente lançado. Love Is Mystical foi um single lançado há dois meses, destacando-se quer pela energia e ritmo contagiantes, quer pela história que a constitui: um amor sobrenatural e a procura incessante deste.

Can We Hang On? destaca-se pelos falsettos vigorosos de Willett, o vocalista da banda. Estes falsettos inesperados tornam Can We Hang On? na melhor faixa do álbum. A introdução algo nostálgica leva-nos a sentir que estamos a ouvir algo de um álbum anterior, no entanto, mais tarde apercebemo-nos da sua frescura e da sua singularidade, daí o destaque em relação ao resto do álbum.

So Tied Up, Invincible e Luck Down são faixas aborrecidas, que nada de novo acrescentam ao álbum. A voz diferente de Willett, que caracteriza a banda, deveria ser destacada. No entanto, esta abafa-se no meio do instrumental, tornando-se algo confuso. Restless é uma faixa que funciona devido à voz suave do vocalista. Num registo diferente, tem um ritmo bastante mais calmo, assinalando, de facto, a nova era de Cold War Kids, cujas influências rock começam a ser substituídas.

LA River, Wilshire Protest e Cameras Always On funcionam (ou tentam funcionar) como interlúdios, mas não o conseguem fazer da maneira esperada, distraindo-nos da real essência do álbum. No Reason To Run, apesar de voltar a ter o característico fervor a que Cold War Kids já nos habituaram, é uma faixa facilmente esquecida, cuja proximidade rítmica com o single First a faz parecer uma cópia barata deste.

Open Up The Heavens é completamente deslocada do resto do álbum. É bastante diferente, o que poderia ser uma lufada de ar fresco no meio de um álbum mediano. No entanto, não o é. É algo que não resulta e que nos leva a questionar se estamos, de facto, a ouvir Cold War Kids. A música destaca-se, mas, infelizmente, não pela positiva.

Ordinary Idols volta a dar vida a L.A. Divine, sendo das poucas faixas que se destaca (juntamente com Love Is Mystical e Can We Hang On?) positivamente. Se o álbum se baseasse neste registo sempre animado, distinguindo os ritmos e as letras de todas as outras faixas, o álbum teria resultado tão bem como os anteriores. Infelizmente, tal não aconteceu, tornando L.A. Divine um trabalho apenas mediano, que nos deixa incertos em relação ao futuro de Cold War Kids. Part Of The Night torna-se bastante repetitiva, o que se torna incomodativo.

Para terminar, Free To Breathe junta-se a Love Is Mystical e Can We Hang On?. Apesar de nada ter a ver com os singles e ser o oposto – uma melodia clara e calma, composta apenas por uns acordes na guitarra – Free To Breathe dá um excelente destaque à voz quente e acolhedora do vocalista. Dá-nos a ideia de que o álbum não poderia terminar de melhor maneira, trazendo-nos esperança em relação a um próximo projeto que Cold War Kids queiram lançar.

Classificação TDSessions: 5/10

Escrito por: Daniela Carvalho

Editado por: Ricardo Marquês

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