Dois Dedos de Música com Benjamim

É conhecido como Benjamim, no entanto, o seu nome real é Luís Nunes e tem 30 anos. Diz que o nome Benjamim surgiu quando abandonou as canções em inglês. “Antes assinava como ‘Walter Benjamin’, o apelido passou a nome próprio.”. Revela que a passagem da escrita de inglês para português foi, artisticamente, dos maiores desafios que teve de ultrapassar, sendo esse processo “muito longo e penoso”.

Confessa que nunca percebeu que tinha jeito para a música, dizendo até que, quando tinha 6 anos, a mãe o pôs a estudar violino, mas a sua carreira nesse instrumento acabou por ser “um desastre”. Diz, de forma divertida, que a mãe se enganou no instrumento. Ainda assim, sempre sentiu que a música era a coisa mais importante na sua vida, tendo isso sido suficiente para fazer desta a sua carreira a tempo inteiro. Volta a falar do violino, quando lhe é perguntado onde foi o seu primeiro concerto “Honestamente não me lembro. Foi provavelmente uma audição horrível de violino onde toquei tudo desafinado e com um som horrível”.

Descreve-se como uma pessoa hiperativa, sendo essa a palavra escolhida para se definir. Põe, desse modo, toda essa energia na música visto que, para além de cantar, desempenha outras funções no mundo da música: é engenheiro de som, produtor, e gosta de tocar vários instrumentos (ou, pelo menos, gosta de tentar, como diz). Ouve as suas músicas no dia a dia, às vezes porque não tem alternativa, outras vezes simplesmente porque lhe apetece.

Gostaria de passar umas horas a “jammar” com o Paul McCartney e, quando questionado sobre rituais que tenha antes de entrar em palco, responde-nos com uma pergunta: “cerveja?”. Não faz ideia de como funciona o seu processo criativo, mas sabe que “idealmente a música vem colada com alguma ideia para uma letra ou um conceito qualquer, por muito vago que seja. “Às vezes tenho uns acordes, uma melodia ou um ritmo qualquer na cabeça. Varia muito, gosto de não ter de fazer as coisas sempre da mesma forma”.

As suas influências musicais começam por Beatles e acabam em Kraftwerk, passando por Lou Reed, Bob Dylan, Beach Boys, Yo La Tengo, Pavement, Zeca Afonso, Arthur Russell, Magnetic Fields, Marvin Gaye, Wilco, Sérgio Godinho, Lambchop, Erik Satie e LCD Soundsystem.

Admite que o ponto alto da sua carreira foi fazer playback no Festival da Canção com a Lena d’Água, no Coliseu, sendo este o local onde gostaria de atuar, desta vez sem ser em playback, declara Benjamim, de forma bem-humorada.

O seu primeiro álbum é intitulado “Auto Rádio”. “Auto Rádio é um disco feito para que as pessoas o consigam compreender. Pessoas que não precisem de outra língua porque lhes basta uma, a que falam todos os dias. Com histórias que são daqui e não existem em mais parte nenhuma do mundo. É sobretudo um disco em busca de uma identidade que o norte da Europa tornara difusa.” O título surgiu porque era através do rádio do seu carro que ia ouvindo as músicas que ia fazendo, entre viagens entre Lisboa e o Alentejo, onde viva na altura. “Tem momentos pop bastante convencionais, mas não acho que seja um disco nada convencional.”

Após o lançamento do álbum, “lançou-se” à estrada, no verão de 2015, e deu 33 concertos de seguida, tendo sido essa uma história que o marcou bastante. Uma das músicas desse álbum, “Os Teus Passos”, faz parte da banda sonora de uma telenovela portuguesa. Em relação a esse assunto, Benjamim conta ao Desacordo que não fez a música a pensar no assunto, pois “nem sequer tem televisão”, brinca. “É fixe que a minha música possa fazer parte da vida das pessoas em contextos para o qual não foi originalmente pensada, seja numa novela ou como banda sonora de fundo na padaria portuguesa. Faço música de maneira livre e nem sequer consigo prever o que é que vai acontecer a nenhuma canção, é bom ver que ganham vida própria. Isso faz parte da magia. Claro que a melhor parte foi que consegui finalmente comprar um piano para voltar a estudar e para escrever mais canções, essa foi uma sensação realmente ótima.”

Entretanto, acabaram de sair dois singles de um disco novo chamado “1986”, que Benjamim gravou com o músico britânico Barnaby Keen. “É uma experiência diferente porque ele escreveu metade das canções em inglês, eu fiz a outra metade em português e acabámos a cantar os dois nas canções um do outro. É sempre fixe ouvir um bife a dar tudo com sotaque brasileiro”.

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A escolha da redatora:

A minha escolha é “Os Teus Passos”. Além do ritmo diferente do comum, que nos transmite uma grande energia e nos dá vontade de levantar da cadeira e dançar, tem a ele associado um vídeo que transmite aquilo que é o Benjamim, e como é a sua música, através de toda uma animação e vivacidade que estão presentes em todas as músicas de Benjamim.

Escrito por: Daniela Carvalho

Editado por: André Blayer

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