Adriana Santos, Maria João Pinheiro e Maria Inês Ventura, alunas da faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, foram as vencedoras do Programa OPP Inovação em Intervenção Psicológica, um concurso nacional da Ordem dos Psicólogos Portugueses, que tinha como tema a “Intervenção Psicológica – Abordagens Inovadoras de Prevenção”. O prémio foi um estágio internacional de um mês.
O projeto vencedor, Be(a)ware, trata-se de uma aplicação de telemóvel que previne o cyberbulling. “Nós sabemos que o cyberbullying é um problema de progressiva expansão, silencioso e que faz inúmeras vítimas”, referiu Adriana Santos. Desta forma, continuou, “conceptualizámos uma aplicação que deteta conteúdo abusivo em chats através de inteligência artificial, surgindo um aviso ao jovem que lhe dá a opção de reescrever a mensagem, tornando-a positiva, ou ignorar. O jovem ou ganha pontos consoante a mensagem for negativa ou positiva, influenciando assim o estado de espírito do nosso avatar, ficando triste ou feliz”.
Adriana explicou ao desacordo que incluíram elementos de gamificação (utilização de elementos de jogos, que a maioria das aplicações tem, para manter o utilizador ativo na aplicação) com desafios, badges colecionáveis e gráficos de evolução do comportamento”, e ainda informação psicoeducativa sobre o cyberbullying para que o jovem possa melhorar o comportamento online. Neste sentido, o objetivo das três colegas era a intervenção primária do problema, a modificação de comportamentos e a promoção do insight do jovem acerca do seu comportamento online.
“A aplicação é a primeira em Portugal com base de dados em língua portuguesa; foca-se na origem do problema (os agressores), tendo em conta que a maioria das intervenções atuais se focam nas vítimas; e é altamente personalizável e interativa”, referiu a mesma fonte, acrescentando que “a be(a)ware) pode ser útil na prática clínica dos próprios psicólogos, o que fez com que pensássemos na criação de uma plataforma na qual o psicólogo receberia os dados de evolução do comportamento do jovem, para planear consultas e futuras intervenções”.
Questionadas sobre a experiência no summer camp (destinado aos 10 melhores projetos), que se realizou na Fábrica de Startups em Lisboa, Maria Inês Ventura, uma das vencedoras, afirmou ao desacordo que “foram dias desafiantes que nos fizeram crescer a todos os níveis e pôr em prova a nossa persistência”. Durante 3 dias, de 27 a 29 de julho, os grupos tiveram mentores que ajudaram os concorrentes a desenvolver projetos e forneceram instrumentos sobre modelos de negócio e gestão.
“Tivémos que pôr em prática gestão de emoções, conflitos, opiniões, tempo e expectativas”, referiu Maria Inês Ventura, e acrescentou: “tivemos de alargar novos horizontes e perceber que a psicologia não pode ficar fechada em sim mesma, e que a convivência com outras áreas, desde o marketing, o empreendedorismo, a gestão e a tecnologia, são fulcrais para intervenções cada vez mais eficazes e que seguem o rumo dos novos tempos”.
Maria João Pinheiro, o terceiro elemento do grupo vencedor, explicou ao Desacordo que o último dia do summer camp foi dedicado à preparação e apresentação do projeto, que consistiu num pitch de 3 minutos, a um painel de seis júris de diversas áreas. “Depois de todos os projetos apresentados, o júri selecionou os melhores projetos, dos quais o nosso alcançou o 1º lugar, com base em critérios como: inovação e criatividade, impacto potencial, coerência e qualidade e contributo para o avanço do conhecimento científico e tecnológico na área da saúde psicológica”, referiu a mesma fonte.
“Depois do concurso continuamos a trabalhar no projeto. Estamos a estabelecer contactos com clínicas que mostraram interesse no nosso projeto e pretendemos continuar o processo de prospeção de utilizador para perceber se o projeto tem tração de mercado antes de partir para a sua implementação”, concluiu Adriana Santos.